Melhor Idade
Algo bonito de se ver estava
acontecendo ali, no Centro de Melhor Idade. Nathália e eu assistimos - do lado
de fora do Centro, através das portas e janelas - ao baile da Melhor Idade que
acontece no Parque da Água Branca todas as terças e aos sábados religiosamente
e dura em torno de 5 horas. Os participantes são idosos... opa, idosos?? Ah,
não! Definitivamente não foi o que me pareceu! Eles estão mais jovens do que
nunca e talvez com mais pique do que eu, não duvido nada!
Estavam lindos, perfumados e
todos seguindo as normas da “balada” que pede traje formal, ah sim, e só pode
entrar quem tiver acima de 45 anos, mas a maioria deles tinha acima de 60...
foi um verdadeiro show de cores e estilos. Conversamos com algumas pessoas que
contaram participar assiduamente do baile há anos.
Dona Vera (Nath não lembro o nome da velinha que você tirou foto,
rs, vc lembra???), uma senhora muito elegante, andando com certa dificuldade,
vagarosamente, nos contou que gostava bastante da festa, participa há muito
tempo e disse que inclusive a neta dela já havia feito um trabalho lá no Centro
mostrando os hábitos da nova melhor idade.... e acrescentou: `já saímos até
numa revista, minha neta que colocou, e todos daqui tem essa revista`.
Seu Osvaldo, que observava o
baile da janela pelo lado de fora, estava também muito bem arrumado, era novão,
depois nos disse ter quase 60 anos e que gostava muito do baile, ia para se
distrair, se divertir e não queria nenhuma aventura, vulgo “ficar”. Divorciado,
foi casado por 35 anos e esperou os filhos crescerem para voltar a viver – teve
a coragem de deixar um relacionamento que já não suspirava há tempos.
Melhor Idade... um nome que é a
cara dessa geração acima de 60 anos que, na maioria dos casos, depois de ter
passado uma vida com foco em criar os filhos, com foco no trabalho, não morrem
por dentro, mas vivem. Estão aí para mostrar que querem fazer parte, querem se
sentir bonitos, atraentes, querem beijar, dançar, paquerar, usar a internet,
entender mais disso tudo que está acontecendo... certamente, eles estão mais do
que nunca ONLINE!
Autora: BARTIRA GATTO
Este texto
nasceu como parte de uma proposta no curso que a Bazinha frequenta atualmente.
Ao ler o mesmo senti um misto de alegria e orgulho, alegria, pois atualmente
embora muitos acreditem que depois de determinada idade as pessoas estão aqui
somente esperando o dia da sua partida, mas a cada dia constatamos que isso é
uma inverdade. Na minha época amava beijar na boca, andar de mãos dadas, rir
muito junto com meu namorido, ser romântica, dançar, me sentir bonita,
atraente, enfim me sentir viva e esse tempo a que me refiro é agora, é hoje,
pois estou aqui e muito mais antenada do que há tempos, certamente se Deus me
permitir será o meu futuro. Costumo dizer que a juventude me levou frutas
saborosas, mas me presenteou com mistérios encantadores. Vezes fico pensando:
como podemos acertar nossa idade mental com nossa idade cronológica? Besteira,
não estou interessada em fazer esse acerto, quero sim viver o meu tempo e este
é agora. Ainda hoje por esse ou aquele acontecimento me sinto uma adolescente e
sinto pena de pessoas que se sentem tolhidas de serem e fazerem o que sentem
prazer seja por pudor ou preocupação do que vão pensar e não se permitem serem
felizes e fazerem pessoas felizes por conta de que já não estão mais na idade.
Amo me olhar no espelho e me
sentir viva, bonita, cheia de projetos e planos, lembrar-se dos amores, dos
cheiros, das chuvas, das cores e dos sabores que permearam e permeiam minha
existência. Se tenho recaídas? Não tenham dúvidas, mas enfim, com os jovens não
é diferente e acredito muito mais sofrido ainda, pois só o tempo poderá
presenteá-los com a doce leveza da maturidade, já não me prendo a preocupação
de agradar alguém, e quando o faço acontece espontaneamente parte do coração e
não da razão. Talvez muitos lendo minha escrita até aqui devem pensar: Mas não é tão fácil assim, verdade
até porque há dias (que minha coluna é muito mais frágil que minha mente, quase
não consigo me movimentar e aí chama o Ir. Marcio massagista para que ele a
coloque no lugar novamente) e aquela depre que costuma chegar sorrateiramente
sem prévio aviso e acaba comigo, mas de repente me sinto tal qual a Fênix
renasço das cinzas e bora ser feliz e fazer alguém feliz. Quando comecei a
escrever disse da minha alegria e ela se dá ao fato de ter a certeza que nosso
tempo é agora e que eu com 52 anos já tenho mais uma opção pra me divertir o
baile da Melhor Idade e quem me conhece tem alguma dúvida que não me divirto
nesses bailes? E depois acrescentei dizendo do meu orgulho, ah esse acredito
será pela eternidade afora. Orgulho do que? De quem? Orgulho de você minha
princesa, dessa sua sensibilidade que vezes sinto tão a flor da pele como
daquele dia que você foi observar e acabou admirando e participando das vidas
de pessoas que talvez nunca mais verá, mas certamente que farão parte da sua
história, pois te ensinaram e foram acarinhados e admirados por você.
Escrevendo e pensando em tudo
isso comecei a pensar em mim e no Carlos, como Deus é bom permitiu que o tempo
levasse algumas formas do nosso corpo, mas o brilho dos teus olhos quando está
feliz continua sendo o mesmo de quando nos conhecemos, sua alegria ao ver um
doce continua me contagiando e penso: mas é só um doce, da sua alegria quando
está perto das pessoas que ama, da alegria de saber que vamos sair ou nos
encontrar com o casal nossos fieis escudeiros (Ziu e Reinaldo) sempre juntos
vezes discordando uns dos outros, vezes nos amando, mas junto, dos amigos
verdadeiros que fazemos questão de estarmos sempre próximos. Por tudo isso é
que te amo e que conseguimos muitas vezes uma comunicação telepática, que quero
sempre te ver bem e ficar juntinho de você até sei lá quando, mas que seja por
muito tempo ainda.
É Dona Bartirinha essa sua tirada
me deixou muito orgulhosa, realmente estamos mais ONLINE do que nunca, portanto
Melhor Idade aprenda: a nossa época é agora. Bora ser feliz.
Outono meio Inverno/2012
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